De olhos bem abertos: como evitar e tratar a conjuntivite


O que tem de gente com o olhar mareado e com o seu brilho ofuscado, não tá dando na literatura médica. Estratégias e disfarce não faltam e, na maioria dos casos, uma das soluções para o coitado é mesmo o confinamento domiciliar forçado. Quem imagina de que se trata de um surto de depressão coletiva está enganado. A situação em questão se refere aos casos de conjuntivite que têm deixado muita gente de óculos escuros.

Uma epidemia de conjuntivite foi decretada no Estado de São Paulo depois que surtos foram identificados no interior e se espalharam pelos litorais sul e norte até chegar na capital esse ano. Somente na capital paulista, os serviços de saúde receberam mais de 50.405 notificações de conjuntivite viral, de 1º de fevereiro até 15 de março, de acordo com o CCD (Centro de Controle de Doenças) da Coordenação de Vigilância em Saúde.

Sintomas e contágio

Olhos avermelhados, lacrimejando e com aquela irritante sensação de areia na vista quase sempre são sinais de conjuntivite, uma infecção numa das estruturas externas do olho – a conjuntiva. E existem vários tipos, como a viral - a mais comum-, a bacteriana, a alérgica e a química. Mas apenas as duas primeiras são contagiosas.

Exatamente por ter meios de contaminação tão banais e comuns, como a inocente coçadinha nos olhos, é que a conjuntivite faz tantas vítimas. “Mãos nos olhos, contato com pessoas contaminadas, ambientes fechados, tudo isso ajuda a propagar a conjuntivite. Por esses motivos é que a pessoa que está com conjuntivite viral ou bacteriana deve ficar afastada do trabalho e de locais públicos”, afirma o oftalmologista Paulo Polisuk. Outro meio bastante comum e quase inevitável de contaminação é o ar condicionado. “É um agente multiplicador da doença”, revela Renato Neves.

A conjuntivite é o melhor exemplo daquela história de que cada caso é um caso. A do tipo alérgica, por exemplo, possui todos os sintomas das outras, como vermelhidão e secreção, mas se diferencia pela coceira nos olhos. “Cada tipo de conjuntivite tem um tratamento. A causada por vírus é tratada com antiinflamatórios e a por bactérias, com antibióticos. No caso da alérgica deve ser detectado o agente causador da alergia e o paciente deve procurar um alergista. Já na química, é importante saber o que causou a irritação para poder tratá-la”, diz Paulo Polisuk, acrescentando ainda que a conjuntivite quando não é devidamente tratada pode gerar complicações que levam até ao comprometimento da visão. Então, usar o remédio que o seu colega de trabalho usou para a conjuntivite dele ou algum outro que já figura no seu arsenal farmacêutico é totalmente errado. “A automedicação sempre deve ser evitada. Alguns colírios à base de cortisona podem agravar ainda mais o quadro caso não sejam prescritos por um médico”, alerta Renato Neves.

Se proteger do contágio da conjuntivite pode parecer quase impossível. Mas, com algumas regras quase básicas de higiene, a doença pode ser evitada ou mesmo controlada. “Lavar as mãos e o rosto várias vezes ao dia, limpar os objetos de uso comum com álcool, as toalhas de rosto e fronhas devem ser trocadas diariamente e a pessoa contaminada deve ter esse tipo de material separado. Essas são algumas das medidas para prevenir a doença ou sua disseminação”, aponta o médico Renato Neves. Paulo Polisuk alerta também para o uso de lentes de contato: “Assim que a pessoa sentir algum desconforto ocular, o uso das lentes deve ser suspenso na hora”, diz ele, lembrando que a melhor maneira de combater a conjuntivite ainda é não fazer vista grossa para os seus sintomas.

Fonte: Click 21

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